A audiência pública realizada em 26 de novembro, representou um marco para o programa das Cartas de Direitos Climáticos. Protagonizada por representantes dos territórios e requerida pela deputada Célia Xakriabá, o debate trouxe à tona a urgência das questões de justiça climática que os territórios mais fragilizados enfrentam.
Com a mesa presidida pelo deputado Chico Alencar, a audiência destacou as vozes de comunidades tradicionais, quilombos, aldeias indígenas e periferias urbanas. A deputada Célia resumiu a gravidade do momento em uma frase contundente: “Isso é futuricídio, é a sociedade de hoje tendo irresponsabilidade também com a geração do amanhã.”
As Cartas de Direitos Climáticos, construídas por comunidades em todos os cinco biomas Brasil utilizando a metodologia aberta do The Climate Reality Project Brasil, foram apresentadas como uma "constituinte da consciência ecológica prática e efetiva", como afirmou o deputado Chico Alencar. Esses documentos, formados por demandas específicas de cada território, revelam o protagonismo das comunidades em apontar caminhos para a ação climática.
Entre os destaques do debate, os representantes das Cartas expuseram como a crise climática intensifica desigualdades sociais, compromete o acesso à saúde e à justiça, e ameaça modos de vida tradicionais. A presença de autoridades do Ministério do Meio Ambiente, Ministério da Justiça e de organizações da juventude ambientalista trouxe perspectivas importantes, mas deixou claro que a implementação de políticas públicas robustas é o próximo desafio.
A audiência contou com falas de representantes das Cartas de Direitos Climáticos: Victoria Alves, da Maré; Alcione Leôncio, da Aldeia Mãe Terra; Douglas Borges Nunes, da Ilha de Caratateua; e Naraína Brandalia, do Terra Ronca. Compuseram a mesa, além do Deputado Chico Alencar, Valdenes Souza Brito, dos Quilombos Sítio Araçá e Jatobá II; Isadora Gran, do The Climate Reality Project Brasil/Centro Brasil no Clima; Gabriel Adami, do Grupo de Trabalho Juventudes da Frente Parlamentar Ambientalista; Pedro Henrique Viana Martinez, Diretor de Promoção de Acesso à Justiça do Ministério da Justiça e Inamara Melo, do Ministério do Meio Ambiente, que contribuiu remotamente.
A audiência pública não foi apenas um espaço de debate, mas uma tribuna que amplificou as vozes da base. Ela demonstrou que as soluções para a crise climática não podem ser impostas de cima para baixo, mas devem nascer do diálogo com as comunidades diretamente afetadas.
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