Entre os dias 25 e 27 de novembro, Brasília foi cenário de encontros cruciais para o fortalecimento das Cartas de Direitos Climáticos. As reuniões foram marcadas por diálogos entre representantes dos territórios e dos órgãos governamentais, com o objetivo de alinhar demandas locais às políticas públicas e avançar na construção de estratégias conjuntas de advocacy.
No dia 25, uma reunião com o Departamento de Mitigação e Prevenção de Riscos, da Secretaria Nacional de Periferias, Ministério das Cidades, deu início às discussões. Rodolfo Baesso Moura, diretor do departamento, e Samia Sulaiman, coordenadora de articulação, ouviram os representantes das Cartas localizadas em periferias urbanas, Douglas Nunes (Ilha de Caratateua), Victoria Alves (Maré) e Robson de Souza Oliveira (São Gonçalo). Os participantes destacaram os desafios climáticos enfrentados em suas comunidades. Representando The Climate Reality Project/Centro Brasil no Clima, estiveram presentas Luane Teixeira e Isadora Gran.
No mesmo dia, realizamos um encontro de planejamento das ações de incidência das Cartas na Casa Comum, que gentilmente cedeu o espaço para a reunião. Durante o encontro, foram compartilhados os principais desafios enfrentados por cada território, proporcionando um panorama das realidades locais. Além disso, o momento serviu como uma oportunidade para fortalecer vínculos e promover a troca de experiências, marcando a primeira integração presencial entre os territórios desde o início do projeto.
No dia seguinte, a pauta ganhou destaque em reunião com o mandato do deputado Chico Alencar, antes da Audiência Pública sobre Garantia de Direitos nos Territórios frente aos Impactos da Crise Climática, cuja mesa foi presidida pelo mesmo. Estiveram presentes Victoria Alves (Maré), Alcione Leôncio (Aldeia Mãe Terra), Douglas Nunes (Caratateua), Valdenes Souza Brito (Quilombos Sítio Araçá e Jatobá II), e Naraina Brandalia (Terra Ronca). Representantes do The Climate Reality Project Brasil, como Luane Teixeira, Bárbara Gomes e Isadora Gran, também participaram, acompanhadas por Thiago Vilela, assessor do gabinete. O encontro reforçou o compromisso de buscar mecanismos legislativos para transformar as demandas das Cartas em políticas públicas efetivas.
Já no dia 27, o diálogo com o Ministério da Igualdade Racial trouxe uma abordagem interseccional. Marcos Farias, chefe de gabinete, Luzi Miranda, diretora de políticas para povos de matriz africana e povos de terreiro, e Wdson Oliveira, coordenador do DPMAT, discutiram como as mudanças climáticas intensificam desigualdades sociais. Representantes das Cartas destacaram a urgência de integrar justiça climática e igualdade racial nas ações governamentais, com destaques para os territórios Quilombos Sítio Araçá e Jatobá II, Maré e Aldeia Mãe Terra, espaço de povos tradicionais e periféricos.
As questões de saúde também estiveram no centro das discussões. Em reunião realizada no dia 27, representantes do Ministério da Saúde, Ana Maria da Costa, Vanessa Hacon, Gustavo dos Santos e Hebert Tadeu de Matos Júnior, debateram os impactos climáticos sobre a saúde pública. As demandas dos territórios Maré, Palmas, Quilombos Sítio Araçá e Jatobá II e Morro do Papagaio reforçaram a importância de uma abordagem integrada entre saúde e clima.
Além dos diálogos institucionais, os encontros em Brasília proporcionaram uma integração inédita entre representantes das Cartas de Direitos Climáticos. Pela primeira vez, lideranças de quilombos, aldeias, comunidades periféricas e tradicionais dos territórios que fazem parte do programa se reuniram presencialmente. Esse momento foi fundamental para fortalecer vínculos, compartilhar experiências e alinhar os próximos passos do movimento.
Essas reuniões demonstraram que as demandas das comunidades podem influenciar decisões em nível nacional. O fortalecimento das Cartas de Direitos Climáticos em Brasília representa o início de um novo ciclo de articulação, que promete transformar os direitos climáticos em políticas concretas.
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